quarta-feira, 12 de março de 2008

Quem doou e quem não doou

Eu doei...
BRUNO BOSE DO AMARAL

Acredito que a importância da obra se dá sob dois principais pontos de vista. Em primeiro lugar, é uma obra de Tomie Ohtake, artista bastante renomada em nosso país, e coroa duas comemorações muito importantes: o aniversário de 60 anos da FEA-USP e o centenário da imigração japonesa no Brasil. Esta obra insere nossa faculdade como um ponto de referência definitivo no roteiro artístico da cidade de São Paulo e do Brasil. Em segundo lugar, e um fato bem mais importante na minha opinião, a maneira como a obra foi viabilizada (através de doações) representa o resgate da relação de apoio e respeito que deve existir entre ex-alunos, alunos, professores, funcionários e sociedade em geral, e a FEA-USP. Como ex-aluno, acredito que a FEA-USP teve um papel decisivo na minha formação humana e profissional, e me sinto bastante orgulhoso de poder retribuir isso agora. Mas vejo a obra como um símbolo do ponto de partida, pois esse apoio deve se dar ao longo de toda uma vida, assim como acontece em universidades e faculdades de vários países do mundo. Essa cultura é ainda muito pouco desenvolvida no Brasil, mas é preciso mudar. É uma situação absurda quando vejo brasileiros que são ex-alunos de MBAs no exterior fazendo doações e tendo uma participação ativa nas associações de "alumini" dessas instituições, mas nunca fizeram o menor esforço para ajudar suas faculdades no Brasil. E sendo a FEA-USP uma falculdade pública e de alta qualidade de ensino, essa responsabilidade é maior ainda. O Wagner Cassimiro e seu time (com apoio da diretoria e professores da FEA-USP) tem feito um trabalho nesse sentido ainda embrionário mas exemplar, e a viabilização desta escultura é um prêmio a esse esforço.

...e eu não!
RENATO FERREIRA LEITÃO AZEVEDO

Entendo que a comemoração dos 60 anos da FEA é um marco importantíssimo na história desta instituição e de maneira mais ampla na própria USP. No entanto, a homenagem feita pela renomada artista Tomie Ohtake, considerada por muitos como a "dama das artes plásticas brasileiras" e por outros tantos fortemente criticada, como por exemplo, diante de algumas importantes entidades japonesas, é uma idéia de presente que não consigo compreender bem. Meu conceito de presente não cobre a idéia de que o laureado tenha que pagar algo pelo que foi "dado". Mesmo que o projeto em si não tenha custado nada para a FEA. Um outro motivo mais óbvio e pessoal foi o da restrição orçamentária típica da vida universitária. Além disso, não pude verificar nenhuma ligação afetiva ou histórica que justificasse a imortalização do nome da artista justamente aqui na doação desse projeto. Olhei a obra e também não senti nada que remetesse aos símbolos feanos. Todos esses motivos conjugados com o meu desconhecimento do histórico da artista me levaram a opção por não vincular meu nome nessa empreitada. Confesso que precisava me informar melhor antes de realizar tal contribuição.

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