quarta-feira, 12 de março de 2008

Idem, Móveis Coloniais de Acaju

"Em algum ponto do século XVIII, índios e portugueses se uniram para tomar de volta a Ilha do Bananal da Coroa Britânica. A destruição de móveis e cachimbos feitos da madeira Acajus mognole deu nome à revolta." Este é o (suposto) fato histórico que dá mote ao nome desta banda goiana que lança seu primeiro album, "Idem". Com uma big band, o Móveis e seus 10 integrantes chegam cheios de suingue, ironia e diversão.

Repleto de letras lúdicas e arranjos pesados que lembram as antigas bandas de gafieira, Idem é um dos grandes lançamentos nacionais. Logo na primeira faixa, "Perca peso", podemos ficar cara a cara com o humor ácido do grupo: as palavras da letra mudam de posição, como se fosse efeito de dislexia, e emergem novos significados zombando da banalidade da vida cotidiana. Tudo bem enrolado num pacote melódico servido de musicalidade eslava.

O mesmo humor está presente por todo disco em versos como : "Muito prazer /Eu sou você amanhã /Só não me apresentei antes /Por medo de te desmotivar" da musica Esquilo não Samba, ou "Quando acordou Gregório Sansonite /Tinha se tornado um horrível sanduíche /De frango compactado /De frango com aliche" da kafkaniana E agora Gregório?.

Mas não só de humor e ironias se faz o Moveis; sim, estes senhores de madeira de lei também amam. O fim do amor, cheio de salas vazias, solidão e lembranças doloridas é tema de "Aluga-se vende", uma das mais belas canções tupiniquins sobre os desencontros do coração. "Copacabana" dialoga com Exagerado, de Cazuza, nas hiperboles da paixão. Qual carrega mais amor, as mil rosas roubadas ou um condominio vizinho à Babilônia, com o Mar Mediterrâneo como piscina, como ninho de amor? Copacabana é, sem duvida, o grande hit do disco. É divertida, gostosa de ouvir e inteligente como toda musica pop deveria ser. Poderia muito bem ter sido escrita pelos Mutantes.

Farsas, piadas, jogos e danças russas. Movéis Coloniais de Acaju é uma banda completa. Guarde este nome - você ainda vai ouvir falar muito nele. (CONRADO FERRATO)

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