quarta-feira, 12 de março de 2008

A herança da TV Brasil: o início de tudo

Herda um público acostumado com a TV aberta privada...
Desde o princípio das transmissões televisivas no Brasil em 1950 com a extinta TV Tupi, o país apresenta-se como um solo fértil para as redes privadas, vide Record (1953), Globo (1965), Bandeirantes (1967), SBT (1981) e a antiga Manchete (1983).

Ao contrário da maioria dos países da Europa Ocidental, em que a televisão teve seu advento sob a tutela do estado ou do domínio público, no Brasil, os fardos e lucros do empreendedorismo couberam à iniciativa privada.

Homens visionários, como Assis Chateaubriand, João Saad e Roberto Marinho, transformaram um país fortemente influenciado pela cultura do rádio em uma nação agora interligada por outro meio de comunicação em massa: a televisão.

Segundo a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2006, mais de 91% dos cerca de 54,6 milhões de domicílios brasileiros possuíam aparelho de televisão, ante quase 88% com rádios, demonstrando a preferência nacional do meio televisivo como fonte de informação e entretenimento. Isso se converteu, inevitavelmente, num grande apelo aos patrocinadores pelo uso desse canal majoritariamente privado, o que perpetuou seu desenvolvimento.
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...e herda um aparelho de comunicação estatal
A EBC (Empresa Brasil de Comunicação), órgão responsável pela gestão da nova TV, é fruto da junção de 3 redes públicas de comunicação : uma radiofônica, a Radiobrás, e duas televisivas, TV MEC e TVE Brasil.

Fundada em 1975, a Radiobrás surgiu como uma autarquia centralizadora dos serviços de criação e divulgação de informação oficial do Estado. É vinculada diretamente ao governo federal, por meio da Secretaria de Comunicação da Presidência da República - chefiada por Franklin Martins.

A Radiobrás congrega a Agência Brasil, responsável pela distribuição de notícias oficiais do Governo, e o NBR, canal de TV por assinatura do Governo Federal criado em 1998 e análogo a canais como a TV Câmara e a TV Senado - porém voltado para a dispersão de ações e diretrizes do Poder Executivo.
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A estatal comanda também – conjuntamente a outros poderes em um Comitê Gestor – o Canal Integración, o embrião do canal internacional da TV Brasil. Dito público, o veículo foi criado por decreto pelo Presidente Lula em 2004, seu objetivo: a integração (como o nome já diz) entre o Brasil e os outros 19 países americanos para os quais está disponível.

Além disso, produz dois conhecidos programas de rádio:

a) o jornalístico "A Voz do Brasil", que divulga notícias oficiais referentes aos três poderes. Criado por Vargas durante o Estado Novo, o programa é transmitido todos os dias em cadeia nacional - as rádios são obrigadas a veiculá-lo às 19h, mas o horário é sujeito a negociação;
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b) o de entrevistas "Café com o Presidente", criado por Lula em 2003 e exibido semanalmente desde 2005.

Eugenio Bucci foi o comandante da autarquia durante o 1º mandato do governo Lula (2003-2006), defendendo abertamente a independência e imparcialidade da instituição mesmo durante os escândalos envolvendo o governo.
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O atual presidente da estatal, José Roberto Garcez, foi diretor de jornalismo da Agência Brasil durante o mandato de Bucci e deverá dar continuidade à busca por maior autonomia iniciada por seu predecessor.
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As redes televisivas TV MEC e TVE Brasil eram, até a criação da nova TV Brasil, geridas pela ACERP (Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto), uma organização sem fins lucrativos fundada em 1998. Autodeclarada como de "interesse social e utilidade pública" – embora tenha vinculo jurídico com o Estado Brasileiro – o órgão controla redes de TV por satélite, os canais TVE Brasil (Rio de Janeiro e Maranhão), além de outros veículos de radiodifusão ligados ao Ministério da Educação (MEC), ao qual foi subordinado diretamente no período 1991-1998.

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